1. |
O Brinde
04:54
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Aos debatedores da rememoração
Aos nômades escravos do vento nos cabelos e da razão
Ao poeta dilacerado, de coração amarelado
Ao serafim caído, ao guerreiro ajoelhado, extenuado
Ao revolucionário que não teve instrução
Ao Beatnik de aquário
Aos Cicerônes por paixão
Ao doce dromedário
A Órion, e ao cinturão
Aos curingas do baralho
A grande Ísis, da Consolação...
Aos retransmissores da Sagrada Canção
Aos bravos rebotalhos que não desistem, não
Ao grande sol de maio
Aos budas da contemplação
Aos atlantes afogados
As rosas e aos tigres que ainda tem tesão, tesão, tesão
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2. |
Fazendo a Cabeça
04:19
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Rodando sem destino
Pelas ruas
À procura de algo
Pra fazer a cabeça
Num sonho louco; paixão, rum & loucura
O sol banhando os telhados
Do coreto e da igreja...
Tomamos sorvete
Você defendeu o Lula
Debatemos teatro, dor, talento e beleza
Zoamos os olhares
Em seu pavor à ventura
Dos casais de quadrados
Em suas bolhas caretas
& essa maneira menina?!
De falar que é só sua
Doce, doida, linda, perspicaz e tão meiga
Como é bom seu cheiro de flor
Ah, meu deus, vou morrer de amor
Donde vem todo esse calor?!
Ah, meu deus, vou morrer de amor
Por que bateu no meu braço
Ao ver a lata azul dum Fusca?!
Quer fumar tenho um bolado
Troco por beijo princesa...
Não é que eu seja apressado
Mas, meu bem, tô tão na sua
Tem um posto ali do lado
Que tal comprarmos cerveja?!
Rodando sem destino
Pelas ruas
À procura de algo
Pra fazer a cabeça
Pra fazer a cabeça
Pra fazer a cabeça
1, 2, 3
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3. |
Reggae do Ulisses
06:35
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Vagabundos excêntricos
Castos lírios do jardim edênico
Paladinos, levantadores de saia;
A mão do tempo não lhes preocupa
Entornam o vinho da vida
Sem temor, nem culpa
Fiéis a musa! Anjos de alma rara
Terror dos fisionomistas
Luzentes pupilas transcendentalista
Ulisses e Dantes, devoradores de horizontes!
Piratas tocadores de guitarra
Luizas e Alices que transam com as palavras
Itinerantes, emissários & amantes;
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém em ninguém, em ninguém, em ninguém
Avante, avante! Como manda a melodia
Primeiro o direito, depois o esquerdo
Os pés compassam a harmonia
A pedra no caminho é trampolim
Chegada desde de sempre
Em frente, enfrente!
Pois a tantos castelos
& princesas & minetes & tesouros & delícias...
& delícias sem fim
& delícias sem fim
& delícias sem fim
& delícias sem fim...
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém
Não tenham medo
De bater forte demais em ninguém em ninguém, em ninguém, em ninguém
Em ninguém, em ninguém
Em ninguém, em ninguém
Em ninguém, em ninguém
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4. |
Sábado
04:13
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Sábado peguei o carro
Pra ver minha gata
Pra ver meu amor
O céu estava tão bonito
Tão infinito
& cheio de cor
Dançavam no acostamento
Ao soprar do vento
O capim e a flor
A juba do sol fulgurava
Contra o parabrisa
O campo e o bangalô
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Aumentei o som do rádio
Abri outra lata
Mata-dissabor
Vi meu coração aflito
De saudades
Sumir no retrovisor
Corcéis de nuvem cavalgavam
No azul do pasto
Tecnicolor
E o anjo louro requebrava
Seu quadril de gesso
Ao som do agogô
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Sábado eu fui
& o anjo louro requebrava
Seu quadril de gesso
Ao som do agogô
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Sábado eu fui
Sábado
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5. |
Prédios, Cigarros
05:42
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Prédios, cigarros, garrafas vazias
Cortina de mandala, catalisador
Pupilas dilatadas flutuam sob a noite fria
Corujas, rouxinóis, andorinhas, brotos, cheiros & cor
Mesmo com a mente cansada e entupida
Mesmo com os ombros esfolados pelo fardo
Rimo acompanhando o ronronar da barriga
Entre as incontáveis flores
Do jardim orvalhado
Na janela do albergue
Bem ali na avenida
Se aglomeram velhinhos tristes & enrugados;
Olham as putas passando
Os botecos fervilhando
Pelas retinas absorvem a vida
Enquanto eu me encosto
Nesta árvore antiga
Estico meu braço
E puxo mais um!
Desses frutos dourados
Penso na inocência do mundo vendida
Pelos bandidos em seus ternos de linho importado
Nos deuses e deusas
Que viraram formigas
Bajuladoras de carecas mimados
Nas vielas, sujas e esquecidas
Mendigos dormem sob a luz do céu estrelado
& a terra girando & os neos cintilando
Minha cabeça fervilhando de vida
Enquanto eu me encosto
Nesta árvore antiga
Estico meu braço
& puxo mais um
Desses frutos dourados
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6. |
Quem é Você?
04:26
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Eu nunca entendi nada
Palavra de honra
Olhava e navegava
Por esses teus olhos
Olhava e navegava
Mas nunca entendi nada
Uma vontade de ferro
Que me puxava
Feito imã
Por esses mares de avelã
Remava & remava
Por esses mares de avelã
Quem é você?
Quem é você?
Eu não sabia que amor demais sufocava
Palavra de honra
Se não eu te deixava
Nunca mais te incomodava
Por que não disse nada?
Acordei tão sozinho
Sem rumo e sem cais
Não sei mais o caminho
Não posso mais voltar atrás
Não sei mais o caminho
Tô à deriva e sem destino
Sem bússola ou mapa não sei pra onde vou, mas eu vou…
Quem é você?
Quem é você?
Quem é você?
Quem é você?
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7. |
Aranhas
09:43
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As aranhas colonizam
Os aposentos ecoantes
Deste meu crânio sem mobília
Sem relógios, sem estantes
Se aprisionamos na cabeça
O universo todo
Até que flor da Luz floresça
& quebre essa casca de ovo;
"Chapado, entre as dobras da noite
Penteando as ideias…"
Faço um blues a meus vícios
Tecendo em rabiscos
Versos sinceros no espelho da água
Perscruto as crateras do sidério disco
Quero um golpe de acaso feliz,
Só quero um golpe de acaso feliz,
Feliz...
Se aprisionamos na cabeça
A chave, o dharma & o Fogo
"Movimento é incerteza,
Não pensa muito,não, meu bem, jogue o jogo!"
Brisado, uma estrela cadente diz pra eu ter fé
Que vai dar pé
Brisado, uma estrela cadente diz pra eu ter fé
Que vai dar pé!
Faço um blues a meus vícios
Rabisco & rabisco
Formas informes de um tudo que é nada,
Num sonho maluco onde penso que existo
"Chapado, entre as dobras da noite
Penteando as ideias…
Brisado, com os lábios sujos de vinho
Criando epopéias"
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8. |
DADADD
02:08
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9. |
On the Road
07:12
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54 minutos pra sexta-feira
Troveja um sax indomável
Na velha multiuse da Attack
Brilham as luzes do modem
Respingado de cerveja
Faz tanto frio que eu não paro de pensar em conhaque
44 minutos pra sexta-feira
The Bill Evans trio fazem tremer
As janelas e o rack
Esparamo-me pela cadeira de madeira
& num teletransporte vou pra traseira do Hudson com Sal e Dean Moriarty
Com Sal e Dean Moriarty,
Sim! Sim! Sim! Sim!
33 minutos pra sexta-feira
O cachorro da vizinha gostosinha
Lá no térreo late
Abro por tédio a geladeira
& encontro a derradeira,
Piscas de natal ainda piscam lá naquele outro prédio...
23 minutos pra sexta-feira
Os homens da lei já desfilam :
Em seus trajes cáqui
Com tesouras afiadas saem pra cortar nadadeiras
De crianças que se drogam escondidas para não morrer de tédio
Eu vi que minha vida era um vasta página vazia e brilhante
Eu vi que minha vida era um vasta página vazia e brilhante
Eu vi que minha vida era um vasta página vazia e brilhante
Eu vi que minha vida era um vasta página vazia e brilhante
Vazia & brilhante
Vazia & brilhante
Vazia & brilhante
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10. |
Primavera dos 27
04:17
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No infindo campo
Onde viça o impoluto amor
Erigi minha morada
Longe da cidade estéril
Sem tato e calor
Pobre, sozinho & feliz
Transpasso as horas aladas
No jardim dos sorrisos em flor
Sob o arrebol que recupera meu vigor
Adeja e canta, canta, canta, canta, canta, canta, canta a passarada
Silente, é Selene quem vem
Endimião dorme
E as estrelas tremem, tremem, tremem
O coração tem fome
De pão, vinho, amor e coragem
Eis, eis, eis, eis, eis da mãe dágua o epítome.
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